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domingo, 31 de outubro de 2010

Está chegando a hora

Está chegando a hora. O momento derradeiro. O momento em que a luz irá se apagar, o som não mais estará e eu não mais serei.

Está chegando a hora. A hora de nos separarmos. A hora em que tudo perde o sentido, o mundo já não mais existe e tudo é vazio.

Mas enquanto a hora não chega. Se aproxime, olhe nos meus olhos e lhe darei um beijo.

Não importa mais a hora, seja a que foi ou a que será.

Este momento, agora no presente, em breve estará na eternidade dos momentos passados.

Naquele ponto sem espaço, ocupado pelo infinito.

Lá também estaremos, assim como estamos agora.

Mas novamente o infinito chega ao fim. E o tempo deixa de ser ponto para ser linha.

Seus olhos já não refletem nos meus.

Chegou a hora. O momento derradeiro. O momento em que a luz se apaga, o som não mais está e eu não mais sou.

Chegou a hora. A hora em que tudo perde o sentido, o mundo já não mais existe e tudo é vazio.



Final alternativo 1:

“..Seus olhos já não refletem nos meus.

Chegou a hora. Na próxima badalada serão dez horas e, de repente, um som ecoará:

- Joãozinho, já são dez horas. Está na hora de dormir garoto. O que essa garota ‘tá fazendo aí?! Ah, muleke!!! Vou te ensinar a não ficar de sem-vergonhice na frente de casa!!! Vem aqui!!! Vem aqui!!!”


Final alternativo 2

“Chegou a hora. A hora em que tudo perde o sentido, o mundo já não mais existe e tudo é vazio.

O sono chegou forte.

No outro dia eu acordo. Não lembro como saí do bar e nem como vim parar na jaula dessa gorila.

Ela parece ter tido uma noite movimentada. Parece cansada, mas ainda lança um olhar estranho. Não é ameaçador, o que me deixa ainda mais assustado.

Vou embora, mas a escuridão da minha memória contrasta com a claridade desse dia. Que dor de cabeça Filha-da-Puta.”

sábado, 30 de outubro de 2010

Para quem pensa em votar em branco

No 2º turno da eleição do chefe do poder executivo da nação com uma das maiores economias do planeta, uma das maiores populações e quinta maior extensão territorial, temos três opções: Aquela que nos deixa infeliz, aquela que nos deixa nada feliz, e o voto em branco/nulo.



As duas primeiras opções são quase indiferentes para a maior parte das pessoas. Em termos de definição do futuro, acredito que a influência não será muito grande, dada que a maior parte do poder já foi fatiada no 1º turno.
Devemos lembrar que vivemos em um estado em que o governo é dividido entre três poderes, em que o legislativo é que dita o que o executivo deve ou não fazer. Inclusive, esta é uma diferença entre executivo público e privado. Este pode fazer tudo que a lei não proíbe, enquanto o outro somente pode fazer aquilo que a lei permite.
O executivo que escolhermos somente conseguirá cumprir o que está prometendo se tiver uma base no legislativo com o mesmo alinhamento, que aperfeiçoe e fiscalize o projeto do executivo eleito.
No entanto, mesmo que os legisladores tenham tanta importância, o descaso com os votos que lhes foram dados foi imenso. Para estes cargos não ocorreram discussões de voto em branco, discussões sobre quais seriam os melhores ou piores. Provavelmente, o tempo dado aos três votos para o legislativo não ultrapassaram 10% em relação aos dados ao executivo. Certamente, a imprensa colaborou para isto.
De fato, acredito que as principais casas do legislativo nos próximos quatro anos representarão bem o povo que a elegeu, assim como sempre. Pois eles serão: divertidos (até humoristas profissionais teremos), zelosos com seus interesses pessoais, descuidados com os interesses de ordem pública, companheiros (eles nunca esquecem quem os ajudou a se eleger (não estou falando dos eleitores, é claro), trabalhadores (“quem quer rir, tem que fazer rir”). Obviamente, não estou falando de todos, apenas da maioria. Isso vale tanto pro povo quanto para as vossas excelências.
Uma vez que conseguimos nos representar bem no legislativo, voltemos a discutir o executivo. Até mesmo porque é mais fácil, só tem uma vaga e o número de concorrentes dignos de análise, nós podemos contar em uma mão.
O executivo eleito, cheio de boas intenções e com um plano de governo fabuloso, precisará da aprovação de todos os seus projetos pelo legislativo para que possa começar a governar. A aprovação custa caro. Como eu disse, nossos legisladores são companheiros, trabalhadores e defendem muitos interesses. Pessoas assim custam caro, mesmo no meio privado.
O pagamento pode ser dado de diversas formas: em espécie ($) ou em cargos ($$$). A primeira forma vai para o baixo clero, a segunda ara os caciques. Esta segunda forma de pagamento também permite que o poder executivo eleito com tanto cuidado comece a ser composto pelo legislativo eleito de forma descuidada.



Agora pense, em tais condições, você acreditaria que algum executivo decente (no sentido de competente e de honesto, qualquer dos dois sozinho é inútil) aceitaria um cargo de presidência com tal precariedade de estrutura de governança? Com um conselho incompetente e corrupto e acionistas tão desleixados?
Se aceitasse, certamente teria que deixar de ser ou competente ou honesto.



Desta forma, caros eleitores entusiasmados, o voto em branco nesse momento é mais parecido com um remorso do que um protesto. O dano ocorre majoritariamente no 1º turno, como tentei mostrar neste texto e ele já é tão profundo no estado, que não será eliminado nem em 10 mandatos, mesmo com a população empenhada. Se o voto fosse em branco ao invés de em candidatos aleatórios, a mensagem fosse mais direta, embora ainda assim pouco efetiva.
Para o governo melhorar, o povo precisa melhorar. Se filiar a um partido político com o qual simpatize. Criar um, caso não simpatize com nenhum atual. Ajudar a selecionar os candidatos ou candidatar-se. Garantir um legislativo competente e idôneo. Ainda fazer o mesmo para o executivo.
Como eu disse, isto não é para o próximo mandato e nem o seguinte. Por ora, somente espero que neste 2º turno, você vote naquele que lhe parece mais competente em administrar um país e em articular o conjunto de interesses que existem nos três poderes do governo.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pílulas de Insanidade Noturna

- Eis que desenhos e imagens são ditos com uma eloquência ensurdecedora.

- Duzentas beterrabas foram passear com batatas inglesas para adoçar o salgado rio de água doce. Moral da história: E eu com isso?

- Cambalhotas giratórias são importantes para o controle do clima e das espécies.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Administração é simples

Administração de empresas é simples. Todo empresário quando inicia a sua empresa tem a expectativa de obter um retorno sobre o dinheiro que ele investiu no empreendimento. Esse retorno geralmente é representado pelo lucro. Já há muitos séculos que empresários do mundo inteiro sabem que para obter lucro, basta ter receitas maiores que despesas e para ter lucros cada vez maiores, basta sempre aumentar as receitas e sempre reduzir as despesas. Muito simples, nem precisa ser alfabetizado para fazer a conta. A continha do lucro é feita por todas as instituições existentes que pretendem continuar existindo, sejam elas padarias, hospitais, escolas, estados, igrejas, carrinho de pipoca etc.

Com o tempo, conforme o nosso empresário prospera, outros empresários percebem que este é um bom negócio e que, como está dando certo para ele, certamente também dará para os outros. Assim, surgem os concorrentes: pessoas normais, que diferente do que pensa o nosso empresário que agora começa a se sentir ameaçado, também apenas desejam fazer um investimento em um ramo de baixo risco (já que se mostrou lucrativo) e ter um retorno para ele que garanta o seu sustento e de seus dependentes.

Agora temos muitos concorrentes. Tudo estaria bem se o mercado também aumentasse na mesma proporção. Esclarecimento rápido: quando falo mercado, não estou dizendo que os nossos empresários estão no ramo de mercados (mercadinhos, supermercados, mercearias) e não estão conseguindo aumentá-los. Mercado aqui representa o número de pessoas que desejam comprar o produto oferecido por eles e que possuem condições financeiras para isso. Em muitas situações, mercado também pode ser sinônimo de demanda.

Economia é simples. Aqui entramos em contato com outro probleminha simples: o controle de oferta e demanda. A oferta é tudo o que é oferecido pelas empresas e a demanda nós já sabemos. Quando a oferta é pequena, como no caso do nosso empresário no início de seu empreendimento, ela também é insuficiente para atender a todos que desejam comprar o seu produto (atender à demanda). Como dito anteriormente, a demanda é formada por quem deseja comprar e pode pagar pelo produto.

O nosso empresário não podia reduzir a vontade das pessoas comprarem o seu produto, apenas alterando-o. Então, ele reduziu a demanda reduzindo o número de pessoas que podiam pagar por ele. Ele fez isso aumentando o preço. Com isso, o nosso empresário em seu início, ao aumentar o preço também aumentou sua receita sem aumentar sua despesa. Logo, lucro ainda maior.

Agora que temos concorrência, a oferta também aumentou e os concorrentes agora querem aumentar a demanda. Para isso, eles fazem exatamente o inverso, eles reduzem o preço para que mais pessoas possam comprar. O nosso empresário é obrigado a fazer isto também, pois com o preço mais alto ninguém compraria dele. Preços baixos, menores receitas, custos iguais, lucro menor.

Economia não é simples. Em algum momento o preço se equilibra em torno de um patamar que ainda gera algum lucro suficiente para a sobrevivência da empresa. Ou seja, não há vantagem em reduzir o preço e levar todos a terem prejuízo e também não é possível aumentar o preço sob o risco de não vender. Este ponto também é conhecido como Equilíbrio de Nash em Teoria dos jogos.

Neste ponto, novos empresários já não entram no ramo que agora não é rentável o suficiente, uma vez que o retorno é muito baixo. Talvez valha mais a pena comprar uma casinha para alugar.

Administração não é simples. Já que está difícil aumentar a receita, agora ele deve tentar reduzir os seus custos. Para isso, ele revisa completamente o seu modo de produção, investe em máquinas novas e mais produtivas, renegocia com os fornecedores, reduz os estoques para ter dinheiro em caixa para estes investimentos. Com tudo isso e um pouco mais ele consegue reduzir os seus custos. A partir daí, ele tem duas opções: ou mantém o preço e desfruta de um aumento do lucro (receita igual, custo menor, lucro maior) que ajudará no retorno dos últimos investimentos realizados; ou reduz o preço de modo que os outros concorrentes não possam acompanhá-lo apostando na quebra dos concorrentes desatentos que perderão demanda (mantendo o preço alto) ou operarão com prejuízo (igualando o preço), e ainda aposta em um aumento da sua demanda. Esse aumento da demanda poderá representar aumento ou redução do lucro dependendo do nível de utilização da capacidade em que a empresa está operando.

Se ainda houver capacidade ociosa por parte da empresa e dos fornecedores, o aumento da produção poderá reduzir os custos fixos unitários, seja através do aumento da quantidade produzida e a manutenção dos custos fixos e seja pela negociação de descontos com fornecedores através de compras em maior escala (isto é conhecido como economia de escala).

Se não houver qualquer dos dois, um aumento da produção exigirá mais investimentos em ampliação ou operação com geração de custos adicionais, como pagamento de hora-extra. No caso do fornecedor, ele repassará este aumento para o empresário através de aumento do preço. Aqui ele começa a ter que fazer Gestão de Produção.

O nosso empresário reflete sobre a sua situação e percebe que ele pode aumentar a demanda ainda mais, desta vez a seu favor, ainda sem precisar reduzir o preço, talvez até aumentando um pouquinho.

Se todas as pessoas possíveis que poderiam ter condições financeiras de fazer parte da demanda já estão, então a outra forma de aumentar a demanda é fazer com que mais pessoas desejem comprar o seu produto. A maioria destas pessoas já faz parte da demanda total, mas a idéia agora é fazer com que elas façam parte apenas da demanda de sua empresa, deixando de comprar de seus concorrentes.

Para isso, o nosso empresário primeiro faz uma grande divulgação de seu produto. Ele coloca uma faixa na frente da sua loja, distribui folhetos, distribui amostras grátis, contrata uma banda para tocar na frente da loja. Com isso ele pretende tornar o seu produto mais desejado do que os dos outros. Agora ele vai começar a trabalhar com a gestão de sua marca. No entanto, todo esse investimento aumenta também os custos, mas se ele aumentar a quantidade vendida também aumentará a receita. O problema é que ele tem que aumentar a receita em uma velocidade maior que a despesa para poder aumentar seu lucro. Agora ele precisar cuidar da sua Gestão de Marketing.

O nosso empresário reflete ainda mais sobre o que está acontecendo e agora pensa em como dar condições para que as pessoas comprem mais de seus produtos sem precisar reduzir o preço. Ele então pensa em dar mais prazo para que possam pagar. Para fazer isso ele precisa calcular bem a quantidade de dinheiro sobrando em caixa que precisará no próximo mês para pagar suas dívidas, enquanto os seus clientes não lhe pagam. Primeiro ele conversa com os fornecedores para também conseguir um prazo maior para pagamento. Eles aceitam, mas avisam que cobrarão juros, então ele também passa a cobrar juros de seus clientes.

Isso ainda não é suficiente, ele precisa pedir dinheiro ao banco para se sustentar neste primeiro momento. O banco empresta, mas cobra juros ainda maiores. Ele repassa mais esses juros aos clientes.

A situação monetária da empresa fica complexa, exigindo agora uma projeção financeira de longo prazo para evitar que os juros pagos não tomem todo o lucro que ele esperava conseguir. Agora a empresa precisa cuidar de sua Gestão Financeira.

Com o contínuo crescimento da empresa, sempre provocado pela necessidade de ao menos sustentar a lucratividade, o que significa sustentar a sobrevivência,.agora a empresa possui um grande número de funcionários, tanto de produção quanto no escritório. São muitas pessoas de lugares diferentes, culturas diferentes, níveis de educação diferentes, motivações diferentes. Nosso empresário está preocupado em manter o nível de qualidade de seu produto pelo menos no mesmo patamar de quando ele próprio o produzia. Também está preocupado com a produtividade destas pessoas, que também representam custos.

Se todas as pessoas fossem iguais seria relativamente simples fazer com que todas se dedicassem ao máximo em troca de um mesmo benefício. Mas como são diferentes, ele precisa ficar atento ao que motiva ou frustra cada um. Mas como também são muitas pessoas, ele já não pode ficar atento a todos pessoalmente e precisa redistribuir a tarefa. Assim, ele cria políticas e programas para fazer a Gestão de Pessoas da empresa.

Sua empresa que outrora era individual, agora já possui quatro áreas administrativas e um grande parque fabril. Mas ainda assim, há a concorrência, que não foi eliminada com as suas ações, além dos novos concorrentes que entraram mais tarde, durante os períodos mais promissores e sem falar dos produtos, que embora diferentes, de algum modo substituem a necessidade do seu. Nosso empresário percebe que se estes novos concorrentes não tivessem entrado no jogo, a situação estaria muito melhor e que eles somente puderam entrar nesta concorrência devido ao fato de seu produto e seu sistema de produção serem de fácil imitação, pouco diferenciados.

Visando destacar-se da multidão, agora ele começa a investir em pesquisa e tecnologia para a melhoria de seu produto e até mesmo para o lançamento de novos produtos. Ele começa a investir em laboratórios, pesquisadores, programas de coletas de sugestões de funcionários, pesquisas de mercado para descobrir o que os clientes ainda desejam e muito mais. Obviamente, isto aumenta ainda mais os seus custos e, como se trata de fazer coisas novas, pode resultar ou não em aumento das vendas acompanhadas de aumento de preço. Para reduzir o risco e os custos de inovar ele descobre que pode desenvolver parcerias com universidades e institutos de pesquisa. Além disso, descobre que buscar recursos submetendo propostas de projetos aos editais de agências de fomento do governo. Com estas iniciativas ele começa a se preocupar com a Gestão da Inovação.

Desta forma, o cálculo da sua receita e das suas despesas já não é mais tão simples. Além disso, não adianta calculá-las apenas para hoje, são necessárias projeções e criação de cenários que considerem as possíveis oportunidades e ameaças externas em conjunto com as possíveis decisões e estratégias a serem adotadas. Não somente o lucro, mas também o caixa é importante em todos esses processos de gestão.

Gerir uma empresa não é simples, mas certamente é emocionante e pode ser muito interessante.