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terça-feira, 18 de agosto de 2015

Ensaiando em ingreis 1

It's not what it looks like
It's not
It's what it is
It's poetry

It's feeling
It's perception
It's imagination
It's You

It's Us

There's no proper meaning
No proper purpose
Sometimes,
It's not even proper

There are questions
There are deceptions
There's satisfaction
Just the same as...


Reality



segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Ah, meu guri







Figura 1
     Parece que faz tanto tempo que fui criança que confesso que já nem lembro mais direito. 
     Parece que faz mais de uma década.

Figura 2

     Mas lembro bem de um menino que era bem pentelho. Quase como um pentelho encravado. Se o proibisse de algo, ele perguntaria “por quê?”. E ai de quem respondesse “Porque não!”. Ai da mãe que sempre respondia assim... Ele precisava de argumentos, de sentido lógico, e não de uma ordem. Daí seu problema com militares. Daí seu apreço pela democracia. Daí um pentelho encravado, lógico e democrático.


Figura 3

     Lembro também que ele tinha uma imaginação fértil. Criava mundos inteiros com bonecos e carros, tecia intrincadas narrativas, se envolvia em dilemas de difícil solução... e expandia o mundo. A solução exigia mais, exigia um mundo maior, mais recursos para que no fim tudo terminasse em nada. Era como se interpretasse “Cem anos de solidão” a cada brincadeira. Sempre percebi uma vocação dramática. Ele também era um pentelho encravado, fantasioso e dramático.


Figura 4

     Desde cedo, lógica e fantasia sempre fizeram todo o sentido para ele. Por isso o apreço por rpgs, por jogos de videogames, por desenhos animados, por ler, por escrever. Talvez por isso a curiosidade sobre religiões, ciência, filosofia. 


Figura 5
      Lembro também que não entendia as convenções sociais. “Por que precisava dizer ‘bom dia’ todos os dias para as mesmas pessoas?” “Por acaso precisa lembrá-las todos os dias que o desejo de que tenham um bom dia permanece o mesmo?”

     Guri contestador que não entendia porque as pessoas brigavam por bobagem, como fofocas ou namoricos, por exemplo. Seus bonecos lutavam contra o mal que queria dominar o mundo, lutavam pela vida, pela donzela. Nunca usariam seus poderes para brigar por que alguém disse que as roupas dele parecem mais de elfo que de mágico, por exemplo.

     As pessoas lhe pareciam aleatórias e loucas demais, e por isso sempre adorou os cachorros. Tão simples e dóceis. Mesmos os zangados eram divertidos.

     E então que com o tempo a aleatoriedade humana lhe foi interessando, atraindo. Ele também foi ficando aleatório, meio louco. Não sei o que começou primeiro.


Figura 6
Sei que hoje continua louco,
Como que em brincadeira de bonecos,
Segue idealizando mundos
E brincando de humano.
Onde culturas intrigam,
Ideias fluem como rios,
Para oceanos de conhecimentos,
Pobres de sabedoria.
Onde sem motivo algum,
Em terreno de alegrias e dores,
Como belas e perigosas flores,
Brotam inusitados amores.

     Hoje esse guri anda por aí. Assiste desenho animado, come pipoca e sonha em conquistar o mundo que construiu em sua cabeça.

Figura 7
Fonte:

  1. http://papodemae.zip.net/images/crianca_arte.jpg
  2. http://bethmichel.com.br/wp-content/uploads/2011/11/pqnao.jpg
  3. http://batidasalvetodos.ne10.uol.com.br/wp-content/uploads/2012/10/Mafaldamaria.jpg
  4. http://followthecolours.com.br/wp-content/uploads/2014/10/yoga-jones-1.jpg
  5. http://www.mensagens10.com.br/wp-content/uploads/2014/01/bom-dia.jpg
  6. http://perlbal.hi-pi.com/blog-images/793671/gd/130489169208/Sim-voce-e-louco-louquinho-Mas-vou-lhe-contar-um-segredo-as-melhores-pessoas-sao-assim.jpg
  7. https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhisSz98ZfEB1VBIV6AyoBblxz3T_HbN2h7uCQJDykCSJEvBkFXxNwCgxncpwJDo2neVKz1OsjV832nd3T3XL-W0l2LwuNzOhNgr3hMCesO0c5EZuzNQ_ujRWiaRED2mIj7PCHIT9YXTwA/s400/mundo+melhor.jpg



segunda-feira, 10 de agosto de 2015

As delícias de uma teoria furada









Figura 1

Figura 2
     Hoje eu estava pensando sobre a vida. Fazendo reflexões sobre o que seria isso. Será que existe? De que se alimenta? Quem inventou? É de comer?

     E assim, divagando e vagando por aí, entre palavras e ideias, meio louco e embriagado de sacolé de maracujá, me perdi da ideia principal e me enamorei de uma outra. 

Figura 3
     Já percebeu como é divertido discutir sobre assuntos aleatórios e complexos e daí sair com descobertas não fundamentadas? 

  Admita, falar de coisas abstratas sem fundamento algum é sempre mais divertido. Assim, como mostrar de forma indiscutível que verduras fazem mal à saúde, por exemplo.

     Teorias furadas são tão boas na escrita quanto nos bate-papos. O delicioso prazer de devolver ao papel, o seu papel de liberdade. Liberdade de pensamento, de ideias... liberdade de si e das amarras da lógica. 

O poder de encontrar com a loucura, chamar para um passeio de bicicleta e arriscar se perder em mundos paralelos.

Figura 4
     O papel te permite escrever “havferits tsoircs”, por exemplo. Eu poderia escrever páginas inteiras assim. O único problema é que meus quatro leitores me abandonariam... 
    
    O papel me permite, mas a crítica me oprime... A Id e o Superego expostos... "Deixa quieto", diz o Ego escorregadio.

     A discussão seria mais ou menos assim:
Id: “havferits tsoircs”!
Superego: Deixa de bobagem! Fale direito!!!
Id: Hoje vamos falar de “havferits tsoircs”. Vai ser demais! Todas as suas maravilhosas qualidades. O mundo precisa saber disso!
Superego: Besteira. Senta lá, Id.
Ego: Hum, não. Conte mais sobre isso, Id.
Superego: =/
Id: Então, “havferits tsoircs” é o que há na Nova Era. A salvação da humanidade. “havferits tsoircs” é tipo “juovst”, mas em dobro. Não, ao quadrado! Tipo ao quadrado multiplicado pelo infinito...
Superego: Aff...
Ego: Prossiga, Id.
Id: Prosseguir com o quê?
Ego: Com sua explicação sobre “havferits tsoircs”.
Id: Ah, não. Isso já é passado. Totalmente over. Agora acho que deveríamos escrever como seria legal apostar uma corrida em uma pista toda coberta de bananas recheadas de caqui!
Superego: E como você vai rechear bananas com caqui, sua besta!
Ego: Acho que começou a novelas das oito.
Id e Superego: Ah, que bom!
...
     Lendo isso, me faz lembrar uma das mais importantes faces do papel. 

Figura 5
     O papel e sua dupla face...

     Fontes:
  1. http://www.aviagemdeodiseo.com/blogbr/wp-content/uploads/2012/04/o_pensador_do_seculo_xxi_474185-e1334781764559.jpg
  2. https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/236x/77/4d/62/774d62f2a3c25c74ddcb2e71a14dbaee.jpg
  3. https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1aZfoO1KP9j0RPeorhbBbuWvQ9qetP5EKf49itdKhjga_KLk92k7zFbOZ0dtyLCdOMd4LzME8UHISWdkXHW_S9tVJBDBokK95Pk9oao3M5UEeoKZNO7Kuz0IEOEmEh_kZFe9BKFRtRF8/s400/macaco+darwinista.jpg
  4. https://c1.staticflickr.com/9/8206/8237145359_69e756ea94_b.jpg
  5. http://i.ytimg.com/vi/v4XClOLK9Uc/hqdefault.jpg

domingo, 2 de agosto de 2015

Receita para seguir receita

                                            
     Todo mundo segue, seguiu ou seguirá alguma receita. Desde os metódicos até os mais inconsequentes. Afinal, essa é uma importante distinção do ser humano. 

Eu sou particularmente fã de receitas, com exceção da federal. Essa eu odeio. Ela e o presente entregue na véspera do meu aniversário, a declaração de imposto de renda. Senti calafrios agora.

As receitas médicas também não são minhas preferidas, mas não são de todo o mal. Quando vou ao médico, isto significa que já estou bem ruim e só sairei satisfeito de lá se sair com uma receita nas mãos. Na minha cabeça torta, o que cura é o remédio. O médico é apenas o detentor do bloquinho que me permite o acesso à cura. Assim, receitas médicas são ok. Principalmente, se o plano reembolsar depois.

Mas as receitas mais utilizadas e conhecidas são as culinárias. Elas são incríveis, são mágicas. A culinária para mim é uma das mais antigas formas de ciência ou magia (ignore minhas afirmações não fundamentadas). A precursora da bruxaria e da alquimia. A mãe de todas. A culinária é a ciência mãe que deu origem a todas e a todos alimentou. E aqueles que a dominam são os mestres dos elementos. (Gostou Dona Benta?)

Os alquimistas estão chegando
O conhecimento de saber quando deixar algo secar ou não, colocar no fogo por determinado tempo e determinada temperatura, qual a quantidade de cada ingrediente... Esta é uma das formas mais simples de verificar a evolução humana, com sua habilidade de transferir e criar conhecimento coletivamente.

Neste momento você pensa: "Mas o assunto não era receita?". Enquanto eu estou pensando: "Um bolo de brigadeiro agora cairia bem". E o meu estômago insaciável nos traz de volta ao assunto.
Eu não sou nenhum mestre dos elementos, mal conheço o nome de boa parte dos pratos de que gosto, mas existe algo que dá um pouco daquele poder aos pobres mortais como eu: as receitas culinárias (e o google).

Alguém, talvez um mestre dos elementos, talvez um observador atento, registrou os passos necessários para eu seja capaz de manipular o fogo, a água, alguns vegetais e minerais, de modo a ter como resultado um belo e delicioso bolo de brigadeiro.
Bolo que irá se transformar e se acumular naquele "pneuzinho" em nossa barriga. Talvez uma espécie de vingança por nos alimentarmos de nossa própria criação, como deuses cruéis que somos... Ops, fugindo do assunto.

Mas por que mesmo com receitas tão claramente definidas, ainda assim produzimos resultados diferentes? Disse uma tia minha que era a mão do cozinheiro, outra disse que era por que eu era burro, e uma terceira me mostrou que o leite estava azedo. As três estavam certas. O leite estava azedo, fui "burro" de não saber reconhecer quando um ingrediente não está adequado, e me faltava um pouco daquela intuição que permite resolver pequenos desvios ao longo do processo, decorrentes de ferramentas e ingredientes não padronizados.

A receita é perfeita, o mundo é que não é.

Talvez por isso seja tão difícil seguir receitas de sucesso financeiro, receitas para encontrar o amor verdadeiro, receitas para alcançar o prazer máximo na cama, receitas para ser bom pai ou mãe... receitas para construir uma bomba atômica (não que eu já tenha tentado construir uma bomba). Seria interessante se tivéssemos receitas para seguir receitas. Ou melhor, uma receita para padronizar o mundo, as pessoas, as coisas..., mas bem, acho que isso já está em processo de algum modo.

O fato é que não me importo que meu bolo tenha ficado solado. Ficou com um gosto concentrado, com um sabor diferente de qualquer outro que eu lembre já ter comido, mas ainda gostoso. 

O que gosto nas receitas não é a possibilidade de replicar algo perfeito, mas a possibilidade de com base em um conhecimento estabelecido, eu possa criar algo novo, desconhecido. Como dizia Isaac J. Newton, um colega de escola, "a possibilidade de que montado em ombros de gigantes, eu possa comer meu bolo em paz, sem precisar dividi-lo com ninguém".
                                                            

Fontes das imagens (por ordem de aparição):
  • https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF2UrRqbb-ggINkFyHvTwlLHSM1F6Cu3lw7wVTTd5Sn1FAb8tTRFvn0AGfDG10ccQVk9W90rwFXGkOSxmy0ErCraH6mWJHZpDVEMesYDnMkCOeKCwg8BR7Wc9rBeAyFXK0eEwH4WC_xPHl/s1600/cozinheiro0kp.png
  • http://blogs.estadao.com.br/vida-de-solteiro/o-demonio-o-anjo-e-o-leao-da-receita/
  • https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHpfU3_4BeEcuaOpGCtp0PafYzRnoQ0I7UdYZu7lFJqdOYiMgFCWKdDZWat67wS4YxNgruVHg1k_-4BmXZEHrnWgpM6_PERKW9aCZhqc5XnANSqQkV3meBXIpmktyx4KHV7vYVVS0LbOc/s1600/Sadia_Livrodereceitas_Himidia_DonaPerfeitinha_post_IMG01.png
  • http://i.ytimg.com/vi/O9NFCN_4bDs/hqdefault.jpg
  • http://ak-hdl.buzzfed.com/static/2013-12/enhanced/webdr05/31/13/anigif_enhanced-buzz-2643-1388515954-30.gif
  • http://lt_2.dihitt.net/links_thumbs/2013/04/07/13532179.jpg
  • https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/236x/bc/bf/ed/bcbfedb7022dafaba41cca11d57b2e06.jpg