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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A vida é curta! Ou não?

ATENÇÃO: Se a vida é curta, por que você está perdendo tempo lendo esse blog? (Fim do atenção).


Frequentemente, diversas pessoas me dizem que a vida é curta. Pessoas de 15 até 60 anos. Será mesmo?

Para começar, vida curta é a do mosquito e, ainda assim, ele certamente consegue deixar a sua marca. Normalmente, as pessoas com mais de 60 que alegam a brevidade da vida, o fazem pelo arrependimento sobre décadas desperdiçadas em empregos entediantes e casamentos infelizes. Entre estas ainda há aquelas que reclamam e declaram as próprias vidas já encerradas: "O meu tempo já passou meu filho, agora é com vocês". Então tá, né?!


Com uma perspectiva completamente diferente, temos os veteranos que viveram intensamente e com o avançar da idade e as limitações do corpo, começam a considerar que a vida já está se alongando demais. De modo similar, temos os viúvos e viúvas de grandes amores, que já não aguentam mais tanta longevidade e anseiam a todo momento pelo encontro com a pessoa amada (que bonitinho...).


E os jovens? Será que o argumento de que a vida é curta não é usado também para justificar ações que tornam a vida ainda mais curta? Neste caso, qual seria a causa e qual seria o efeito?

Interessante observar que a preocupação com a brevidade da vida também abrevia o horizonte de planejamento, indo no máximo até o próximo fim de semana, por exemplo. Junto com o horizonte curto, vem a falta de perspectiva futura, o que leva, por exemplo, a falta de planos para deixar a casa dos pais, ideia do que fazer na faculdade para conseguir algo depois dela, etc. "Afinal, pra que perder tempo estudando agora se já tenho tudo que preciso".


Pelo lado oposto, também existem aqueles que já se acostumaram com a ideia de que a expectativa de vida é muito grande e aumenta cada vez mais e, portanto, postergam eternamente a diversão para um momento oportuno ainda desconhecido. Como diz um comercial "Pois é meu amigo, mas vai que... você sabe".

Pessoas acima de 10 anos são loucas e complicadas. Por isso me agrada conversar com crianças. Elas não estão preocupadas se a vida é curta ou não. Elas nem sabem o que é vida (talvez até mesmo por não saberem o que é a morte).


Apesar de que conversando com elas seja possível entender algumas de suas versões mais velhas. Por exemplo, tente convencer uma criança de que ela precisa estudar agora para poder se sustentar no futuro, sem mencionar de que isso é necessário porque seus pais poderão estar mortos em algumas décadas. Impossível.


Se a vida é curta ou não, pouco importa. Não importa a duração da vida já que o fim é a morte. Talvez o que realmente importe é o momento e fazer o que mais se gosta com ele, seja misturando 10 tipos de bebidas diferentes e tomando tudo em 10 minutos (não esqueça o limão), seja dormindo às 20:00 porque bom mesmo é acordar às 05:00, seja deitado em uma rede lendo um livro, seja fazendo coisas chatas agora para conseguir o direito de fazer algo mais legal no futuro.

É inútil perder tempo fazendo coisas que não se gosta apenas pelo medo de não ter tempo de fazê-las.


Uns vivem esperando a morte. Outros vivem em função da vida que acreditam que terão após a morte. Outros pensam como Vinícius de Moraes, para o qual: "Vida só existe esta mesmo. Duas só acredito, escrito em documento com firma reconhecida no cartório do céu e assinado, Deus".

A única coisa certa sobre a vida é que ela é um trem.
(Mais seria um trem bala ou um bonde?)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A revolta dos feios

Em tempos de revoluções e levantes populares, nós, feios, também vamos exigir mais direitos e menor reconhecimento. Sim, menor reconhecimento, pois não queremos ser reconhecidos como feios por aí.
Ou melhor, exigimos reconhecimento, mas da feiura como algo belo. Exigimos que o senso estético seja alterado de modo a incluir todas as pessoas feias dentro do grupo das pessoas belas. Direitos iguais para todos sem discriminação. Um direito constitucional.

Ficheiro:Quentin Massys 008.jpg

Caso isto não seja possível, exigimos que a feiura seja considerada uma deficiência, com direito a cotas em universidades, concursos públicos, além de cotas para vagas de namorados de atrizes protagonistas de novelas da Globo. Afinal, para uma pessoa feia é muito mais difícil arrumar emprego do que uma pessoa bonita, ninguém quer ficar olhando para uma pessoa feia. Nós nem ao menos temos a expectativa de fazer o teste do sofá (Ufa!).

Outra demanda importante é o fim da Feiofobia. E daí que sou careca, gordo, desdentado, narigudo e corcunda, isto não dá o direito para me chamarem de "filhote de cruz credo" ou (o que pensei que era o meu nome até os 10 anos) "Cara de C*"


Por fim, se nossas demandas não forem atendidas iremos iniciar uma revolta contra esta ditadura da beleza. Sairemos de todos os lugares e tomaremos contas das cidades, pois somos uma esmagadora maioria. E tenho dito.