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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Ah, meu guri







Figura 1
     Parece que faz tanto tempo que fui criança que confesso que já nem lembro mais direito. 
     Parece que faz mais de uma década.

Figura 2

     Mas lembro bem de um menino que era bem pentelho. Quase como um pentelho encravado. Se o proibisse de algo, ele perguntaria “por quê?”. E ai de quem respondesse “Porque não!”. Ai da mãe que sempre respondia assim... Ele precisava de argumentos, de sentido lógico, e não de uma ordem. Daí seu problema com militares. Daí seu apreço pela democracia. Daí um pentelho encravado, lógico e democrático.


Figura 3

     Lembro também que ele tinha uma imaginação fértil. Criava mundos inteiros com bonecos e carros, tecia intrincadas narrativas, se envolvia em dilemas de difícil solução... e expandia o mundo. A solução exigia mais, exigia um mundo maior, mais recursos para que no fim tudo terminasse em nada. Era como se interpretasse “Cem anos de solidão” a cada brincadeira. Sempre percebi uma vocação dramática. Ele também era um pentelho encravado, fantasioso e dramático.


Figura 4

     Desde cedo, lógica e fantasia sempre fizeram todo o sentido para ele. Por isso o apreço por rpgs, por jogos de videogames, por desenhos animados, por ler, por escrever. Talvez por isso a curiosidade sobre religiões, ciência, filosofia. 


Figura 5
      Lembro também que não entendia as convenções sociais. “Por que precisava dizer ‘bom dia’ todos os dias para as mesmas pessoas?” “Por acaso precisa lembrá-las todos os dias que o desejo de que tenham um bom dia permanece o mesmo?”

     Guri contestador que não entendia porque as pessoas brigavam por bobagem, como fofocas ou namoricos, por exemplo. Seus bonecos lutavam contra o mal que queria dominar o mundo, lutavam pela vida, pela donzela. Nunca usariam seus poderes para brigar por que alguém disse que as roupas dele parecem mais de elfo que de mágico, por exemplo.

     As pessoas lhe pareciam aleatórias e loucas demais, e por isso sempre adorou os cachorros. Tão simples e dóceis. Mesmos os zangados eram divertidos.

     E então que com o tempo a aleatoriedade humana lhe foi interessando, atraindo. Ele também foi ficando aleatório, meio louco. Não sei o que começou primeiro.


Figura 6
Sei que hoje continua louco,
Como que em brincadeira de bonecos,
Segue idealizando mundos
E brincando de humano.
Onde culturas intrigam,
Ideias fluem como rios,
Para oceanos de conhecimentos,
Pobres de sabedoria.
Onde sem motivo algum,
Em terreno de alegrias e dores,
Como belas e perigosas flores,
Brotam inusitados amores.

     Hoje esse guri anda por aí. Assiste desenho animado, come pipoca e sonha em conquistar o mundo que construiu em sua cabeça.

Figura 7
Fonte:

  1. http://papodemae.zip.net/images/crianca_arte.jpg
  2. http://bethmichel.com.br/wp-content/uploads/2011/11/pqnao.jpg
  3. http://batidasalvetodos.ne10.uol.com.br/wp-content/uploads/2012/10/Mafaldamaria.jpg
  4. http://followthecolours.com.br/wp-content/uploads/2014/10/yoga-jones-1.jpg
  5. http://www.mensagens10.com.br/wp-content/uploads/2014/01/bom-dia.jpg
  6. http://perlbal.hi-pi.com/blog-images/793671/gd/130489169208/Sim-voce-e-louco-louquinho-Mas-vou-lhe-contar-um-segredo-as-melhores-pessoas-sao-assim.jpg
  7. https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhisSz98ZfEB1VBIV6AyoBblxz3T_HbN2h7uCQJDykCSJEvBkFXxNwCgxncpwJDo2neVKz1OsjV832nd3T3XL-W0l2LwuNzOhNgr3hMCesO0c5EZuzNQ_ujRWiaRED2mIj7PCHIT9YXTwA/s400/mundo+melhor.jpg



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